Por Nívea Biazotto, Rômulo Pontes e Tatiany Leite
É
através dos meios de comunicação de massa que os candidatos à eleição alcançam
seus eleitores e divulgam suas intenções e propostas em campanhas, muitas vezes,
milionárias. Mas, além da exposição nas épocas eleitorais, os nomeados devem
seguir uma agenda programada de acordo com um determinado cenário esculpido
pela sua assessoria de comunicação.
Para
Karen Thajtemberg Diaz (foto), jornalista e docente da Universidad Adolfo
Ibañez, localizada na cidade de Valparaíso, no Chile, o papel do jornalista
para a construção dessa imagem política é essencial “O jornalista é o meio
entre os fatos e o povo. Os meios são os novos representantes da população”,
comenta. Chefe da assessoria de imprensa da campanha do senador chileno Ricardo
Lagos Weber, Karen esclareceu, em palestra para estudantes brasileiros, as
ações que um jornalista pode realizar e comentou como projetar uma boa
assessoria de campanha.
Planejamento
e visão ampla
Segundo
Karen, uma das principais bases estruturais para fortalecer um candidato é usar
a transparência. A primeira coisa do “Plano de Campanha” é responder algumas
perguntas básicas: como queremos aparecer?; como trabalharemos o
“framing”(imagem)?; como utilizaremos os meios para as publicações?; entre
outras questões que definem de qual forma o candidato estará mais próximo dos
seus eleitores por meio da comunicação de massa. Partindo dessas prerrogativas,
o sucesso da campanha ainda dependerá dos fatos que podem envolver o político
em questão e também das qualidades pessoais que podem ser ressaltadas diante
desse planejamento.
Táticas
jornalísticas como a “agenda setting” (programação prévia de divulgação para os
meios de comunicação), projeção identificativa e as frases de efeito emocional,
além do número de vezes que a imprensa em geral deve comentar sobre o político,
também são recursos utilizados na montagem dos planos de campanha. Outro meio
atual e assertivo de divulgação e marketing pré-eleitoral são as mídias
sociais. A exposição do canditato via twitter,
blogs e facebook podem atrair mais eleitores e ao mesmo tempo mensurar, ainda
que superficialmente, o andamento da popularidade, podendo gerar mudanças no
rumo da campanha de acordo com o “feedback” da população. No caso do Chile,
esse recurso apresenta importância relevante, pois 80% da população tem acesso
à internet.
“Cada
ano a política se torna menos interessante para os eleitores, parecendo
automática após os 18 anos. Mas, na realidade, não nos damos conta que fazemos
política o tempo todo, mesmo quando criticamos algo, inclusive, o sistema”,
comenta Karen, que diz que a ideia é aproximar o eleitor do eleitorado por meio
das campanhas, para, pelo menos, aumentar o interesse da população pela
política.
Outro
papel fundamental da comunicação de massa nas campanhas do país é o equilíbrio
entre o emocional e o racional dos eleitores durante o período de candidatura. A
forma como a mídia pode retratar publicamente o candidato é capaz de mover as
intenções de voto, uma vez que a campanha é divulgada com apelo para o
sentimento ao invés do racional, e vice-versa, mudando o comportamento do
eleitor frente às urnas.
Chile,
um sistema democrático
O
Chile adquiriu o sistema de república democrática já em 1980, e o presidente
pode permanecer na função por quatro anos, sem direito à reeleição. Em 2010, Sebastián
Piñera assumiu a presidência pela quinta eleição presidencial do Chile desde o
fim da Era militar de Augusto Pinochet.
Diferentemente
do Brasil, as campanhas eleitorais no Chile são financiadas, principalmente,
pelos empresários e em alguns casos o Estado pode colaborar com o custo após a
eleição dependendo do número de votos conquistados. O país sul-americano tem
cerca de 17 milhões de habitantes, sendo 8 milhões votantes registrados na
última eleição. O que resta saber é se, com o tempo, as pessoas passarão a entender e gostar mais de política, "Tudo que aprendi nessa área foi na prática. E somos nós, jornalistas, que vamos ser esse canal entre as pessoas e este conhecimento aprofundado. Porque, tudo que eles [público] sabem [na política] são as brigas ou os escândalos. Quem sabe, com os veículos de comunicação, nós não consigamos mastigar a informação de uma maneira tão exata que todos comecem a entender e querer saber cada dia mais?" comenta Karen.
Rômulo Pontes, Nívea Biazotto, Karen Thajtemberg Diaz e Tatiany Leite. |
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